Combate de nematoides na cultura da soja brasileira exige atenção

No mundo, estima-se que os nematoides são responsáveis por cerca de 100 bilhões de dólares em prejuízo todos os anos. Somente no Brasil, esse valor atinge 35 bilhões de dólares, segundo a Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN).

A cultura da soja é uma das mais afetadas pela ocorrência de nematoides devido à larga escala de cultivo por todo o País, ocupando a área de 38,5 milhões de hectares em 2021 (Conab, 2021) e pelo uso de cultivares suscetíveis existentes no mercado. Se considerarmos o prejuízo provocado pelos nematoides somente na cultura da soja no Brasil, o valor atinge 16,2 bilhões de dólares, ou seja, 16,2% de todo o prejuízo mundial.

Com a elevação do custo de produção da soja, faz-se necessário que haja um controle efetivo dos nematoides para que a rentabilidade da lavoura não seja afetada devido ao ataque destes microrganismos. Mas, antes de iniciar as práticas de controle, é preciso identificar qual é a espécie que está causando prejuízo à lavoura.

Os nematoides são pequenos vermes presentes em suma maioria no solo, que se alimentam principalmente de raízes, causando a morte do tecido vegetal. Prejudicam a absorção de água e nutrientes pelas raízes, além de liberarem compostos tóxicos às plantas. Falamos mais sobre eles nesse artigo.

Tipos de nematoides na cultura da soja

Dentre as principais espécies que incidem sobre a cultura da soja podemos destacar três, em ordem decrescente de importância.

Nematoide de cisto da soja (NCS)

Conhecido pela produção de cistos na superfície da raiz em que estão aderidos, esse nematoide é o mais importante na cultura da soja devido ao seu elevado impacto na produtividade, podendo ultrapassar 50% em perdas se não for controlado.

Uma característica muito importante da espécie é a formação de cistos, que são estruturas de reprodução que abrigam os ovos, capazes de protegê-los do ambiente por até oito anos, servindo também como meio de propagação, pois podem se dispersar pelo vento e percorrer até 55 metros em um único dia.

Em campo, os cistos podem ser visualizados a olho nu e ficam aderidos às raízes. Quando infectados, criam uma abertura no tecido vegetal que favorece fungos oportunistas do solo.

Nematoide das lesões

Se alimenta das raízes da soja e libera toxinas que degradam as células do tecido vegetal, promovendo sua morte. O principal sintoma de identificação é o escurecimento da raiz.

Os danos provocados pelo ataque do nematoide das lesões geram problemas secundários de infecção por fungos em bactérias na região lesionada.

Nematoide das galhas

Promove perdas na soja muito menos significativas em relação ao NCS, segundo o estudo de Wrather e Koenning (2009), perdendo sua importância em relação aos nematoides dos cistos e das lesões.

Os principais sintomas do ataque deste nematoide são o amarelecimento das folhas da soja em forma de reboleira e a formação de galhas (espessamento) nas raízes.

Controle de nematoides

A melhor forma de controle é a preventiva, com o uso de técnicas que evitam a disseminação dos nematoides, apresentando a melhor relação custo-benefício, como limpeza do maquinário e uso de sementes livres de nematoides.

No entanto, em áreas já infectadas o manejo mais adequado é o integrado, utilizando cultivares resistentes, rotação com culturas não hospedeiras, uso de fungos e bactérias que têm ação sobre o nematoide e produtos químicos, chamados de nematicidas.

Os cultivares resistentes são menos atrativos ao ataque de nematoides e auxiliam na redução da população. Já o uso de culturas não hospedeiras deixa de fornecer alimento, causando a redução da população.

O revolvimento do solo como técnica de controle deve ser evitado, pois mesmo contribuindo para a redução da população de nematoides há o aumento da sua dispersão, agravando a situação da área.

O conhecimento dos nematoides presentes na lavoura auxilia na escolha correta de cultivos de coberturas não hospedeiras. No quadro abaixo, segue um resumo de plantas que podem ou não ser utilizadas no controle destes nematoides em áreas de cultivo de soja.

A APagri conta com uma equipe capacitada para identificação de nematoides, com foco em técnicas de manejo integrado para o controle populacional das espécies encontradas e do acompanhamento ao longo dos anos para a redução das perdas de produtividade nas lavouras.

Rodrigo Yagai Righeto

Engenheiro agrônomo e consultor da Apagri na região de Rio Verde-GO

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Davi Besson

Unidade
Mato Grosso – Agronômico Vale do Araguaia
Área atendida em hectares: 8633,9

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Consultor técnico com foco em estratégias de Sistemas de Produção, Fertilidade do Solo e Agricultura de Precisão
Engenheiro agrônomo pela Esalq/USP (1993), com MBA em Gestão Empresarial FIA/USP/(2001) e especialização em Manejo do Solo ESALQ /USP(2004), é considerado referência profissional em adubação e correção no Cerrado para as culturas de soja, milho, feijão e algodão. Consultor técnico com foco em estratégias de Sistemas de Produção, Fertilidade do Solo e Agricultura de Precisão, voltado a orientar o produtor para otimização do potencial produtivo com essência em maximização de margem de lucro e minimização de riscos. Atende com serviços, assessoria e suporte a produtores em todo o Brasil e histórico de atuação em países como Austrália, Paraguai e Colômbia. CEO e sócio-fundador da APagri Soluções Agronômicas.