Nematoides: identificação, planejamento e monitoramento

Um dos principais fatores bióticos que limitam as altas produtividades da região do Cerrado brasileiro são os nematoides fitopatogênicos. Práticas de manejo inadequadas ao sistema produtivo e falta de conhecimento dos ciclos dos nematoides acarretam o aumento da população, causando danos que ultrapassam R$ 16 bilhões na agricultura brasileira, segundo dados da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN).  

Os nematoides estão distribuídos por todas as regiões produtoras de soja, milho e algodão do País. Tem se observado que os maiores danos são causados em solos de baixa fertilidade e muito arenosos. Por mais que tenhamos inúmeras espécies parasitando as principais culturas de cereais e fibras (algodão), atualmente destacam-se os nematoides de cistos (Heterodera glycines), os das lesões radiculares (Prathylenchus brachyurus), das galhas (Meloydogine javanica e M. Incognita) e o nematoide Reniforme (Rotylenchulus reniformis); (FAVORETO et al., 2019).  

Cada uma dessas espécies apresenta hábitos alimentares diferentes e pode causar sintomas variados nas raízes das plantas. Os sintomas da presença de nematoide nas lavouras podem ser divididos em dois tipos:

  • Diretos, como galhas, necrose de raízes;
  • Reflexos, caracterizados por amarelecimento da parte aérea, plantas subdesenvolvidas, manchas em reboleiras e quedas acentuadas na produtividade.

Identificação das espécies de nematoides

Como várias espécies de nematoides podem parasitar as plantas de forma conjunta, é muito importante a correta diagnose desses fitoparasitas em campo. 

Para garantir que os produtores estejam recebendo resultados confiáveis, os cuidados devem iniciar na coleta das amostras. A alocação dos pontos de coleta através de imagens de satélite, tem sido grande aliada para visualizar a lavoura de forma geral à procura das reboleiras características do ataque de nematoides. A época de coleta deve coincidir com a máxima atividade biológica do parasita, facilitando identificar e contabilizar sua intensidade de infestação em determinada área.  

O local de retirada das amostras é algo que exige atenção. Por serem parasitas obrigatórios, sua presença ocorre nas raízes vivas. As amostras devem ser compostas por raízes e por solo, além de conter um número de subamostras para representar o ponto de coleta da melhor forma. 

Compactação do solo: olhar para além das características químicas

Importância do manejo integrado para o combate de nematoides

Como é comum a ocorrência de populações mistas de nematoides, análise adequada das espécies é o passo inicial para o bom planejamento. O controle de nematoides é bastante complexo e deve ser baseado em um conjunto de práticas integradas ao sistema produtivo.

Atualmente, podemos utilizar da integração dos manejos genético, químico, biológico e cultural.  

  • Manejo genético: baseado no uso de cultivares geneticamente resistentes ao ataque de certos nematoides. Tem sido uma das práticas mais vantajosas em termos de facilidade de uso, pois não requer tecnologias avançadas e tem baixo custo. No entanto, poucos cultivares hoje disponíveis no mercado apresentam resistência a nematoides e essa resistência não é para todas as espécies; 
  • Manejo químico: produtos nematicidas aplicados diretamente no sulco de plantio ou via tratamento de sementes, com a intenção de conferir uma certa proteção ao crescimento das raízes na fase inicial de desenvolvimento das plantas em campo. Sua vantagem é o amplo espectro de ação sobre as diferentes espécies, porém esses nematicidas têm efeito residual curto, deixando as plantas desprotegidas ao final da ação;
  • Manejo biológico: composto basicamente por fungos ou bactérias com ação direta ou indireta sobre o nematoide. A aplicação segue a mesma metodologia do uso de produtos químicos e vem apresentando resultados positivos. Hoje, os principais produtos são baseados em bactérias do gênero Bacillus Pasteuria, e os fungos, dos gêneros PochoniaPurpureocillium Trichoderma;
  • Manejo cultural: estratégia-chave que consiste em reduzir o nematoide na fonte de inóculo. Nessa prática, evita-se a entrada do nematoide provenientes de outras áreas já infestadas. O controle de plantas daninhas e tigueras, a manutenção da fertilidade do solo, aumento da matéria orgânica e cuidados com as características físicas do solo também contribuem para o manejo dos nematoides. Podemos destacar como principal forma de manejo cultural a rotação de culturas. O interrompimento na sequência de culturas hospedeiras colabora com a diminuição da população infestante. 

O manejo de nematoides é complexo e requer muito conhecimento das alternativas adequadas ao sistema de produção da fazenda. Todos os manejos apresentam limitações e não devem ser implementados de forma isolada.  

Na APagri, atuamos para uma boa identificação de quais espécies estamos lidando, planejando um conjunto de práticas para aumentar a eficiência na redução da população infestante e monitorando a situação ao longo dos anos, com a finalidade de obtermos os melhores resultados.   

 

O engenheiro agrônomo Augusto Sanches

é consultor técnico da APagri na região

de Luís Eduardo Magalhaes – Bahia  

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Engenheiro agrônomo pela Esalq/USP (1993), com MBA em Gestão Empresarial FIA/USP/(2001) e especialização em Manejo do Solo ESALQ /USP(2004), é considerado referência profissional em adubação e correção no Cerrado para as culturas de soja, milho, feijão e algodão. Consultor técnico com foco em estratégias de Sistemas de Produção, Fertilidade do Solo e Agricultura de Precisão, voltado a orientar o produtor para otimização do potencial produtivo com essência em maximização de margem de lucro e minimização de riscos. Atende com serviços, assessoria e suporte a produtores em todo o Brasil e histórico de atuação em países como Austrália, Paraguai e Colômbia. CEO e sócio-fundador da APagri Soluções Agronômicas.