Por: Luís Fernando Magron Zanuncio*
São muitas as ferramentas disponíveis na agricultura de precisão que permitem maximizar a gestão dos dados e potencializar a expectativa de rentabilidade das propriedades rurais. Uma delas, considerada por muitos a principal ferramenta, é a geração de mapas de produtividade.
Em 2017, pesquisa realizada pelo Grupo Kleffmann e publicada no boletim técnico nº 03 de Agricultura de Precisão pelo professor José Paulo Molin, mostrava que 38% dos entrevistados adotavam alguma técnica de AP, porém apenas 31% desses possuíam monitores de produtividade em suas colhedoras. Este número melhorou consideravelmente em cinco anos.
O que é essa técnica
Os mapas de produtividade são uma técnica que permite identificar as regiões de alta e baixa produtividade através de sensores, GPS e softwares específicos instalados nas colhedoras. São considerados o ponto de partida para outras técnicas de Agricultura de Precisão.
Os primeiros trabalhos de pesquisa realizados com AP no Brasil tinham como objetivo identificar a variabilidade existente na propriedade e, em seguida, adotar alternativas para corrigir ou minimizar os problemas. Neste contexto, a partir de 1997 os monitores de produtividade ganharam força. Os fabricantes de máquinas passaram a oferecer os equipamentos e, assim, iniciaram os primeiros levantamentos de dados de variabilidade comprovando que os solos não são uniformes.
Porém, havia algumas questões que limitavam o correto uso da ferramenta geradora de mapas de produtividade e, durante um período, os monitores foram deixados de lado, já que não era possível gerar dados confiáveis que pudessem ser aproveitados.
Referente a estas questões limitadoras podemos listar:
- Máquinas e sensores descalibrados;
- Indicação errada da largura de corte da plataforma;
- Erros de GPS;
- Tempo de enchimento e retardo em áreas de manobra;
- Defeito nos sensores;
- Falha na filtragem dos dados.
Estes fatores ainda devem ser considerados atualmente. Porém, o avanço da tecnologia dos equipamentos e a capacitação técnica da mão de obra – que tem se adaptado às mudanças – permitiram minimizar os erros.
Os dados obtidos passaram a ser fortes aliados para o sistema de busca de altas produtividades. Porém, segundo estudos realizados pelas fabricantes de máquinas e implementos, ainda se sente uma limitação de capacitação em geral nas propriedades rurais, fazendo com que não seja possível aproveitar corretamente das informações obtidas através dos mapas de produtividade e esses acabem caindo em desuso.
Benefícios de mapas de produtividade bem-feitos
Mapas de produtividade bem realizados auxiliam na tomada de importantes decisões, pois mostram muito bem a heterogeneidade de um talhão (inclusive a localização dos ambientes de baixa produtividade). Essa variação pode ser causada por problemas de fertilidade, compactação do solo, ataque de pragas, nematoides, doenças, plantas daninhas, erosão, entre outros.
A APagri oferece uma série de estratégias para auxiliar o produtor com seus mapas de produtividade. Confira:
- Adubação de reposição de nutrientes
Com aplicações em taxa variável é possível fazer recomendações de adubação de reposição de nutrientes baseadas na exportação da colheita. Nos locais onde se produz mais, haverá uma maior exportação de nutrientes, necessitando de uma quantidade maior de fertilizantes para a reposição do nutriente.
- Adubação baseada no resíduo vegetal da cultura anterior
Através de algoritmos e softwares específicos, como a plataforma APagri Monitora, é possível considerar o quanto permaneceu de nutrientes nos resíduos da cultura anterior e posicionar a reposição da safra seguinte. Como exemplo, podemos realizar a adubação nitrogenada do milho safrinha, baseada no nitrogênio fornecido pela soja e estimado nos mapas de produtividade. Também podemos aplicar potássio em taxa variável na soja, baseado nos dados de colheita do milho, quando a análise de solo é realizada antes do plantio da soja, pois até 70% do potássio extraído pela cultura do milho permanece em seus resíduos após a colheita.
- Definição de Zonas de Manejo
Os mapas de produtividade permitem obter Zonas de Manejo ou UGD´s (Unidades de Gestão Diferenciadas), pois quando são gerados vários mapas de diversos anos e com diferentes culturas e manejos é possível estimar um padrão. Uma região pode ser de baixa produtividade e outra de alta e se repetir ao longo dos anos. Assim, podemos tratar estas regiões como iguais ou realizar manejos diferenciados para cada expectativa de produtividade. Após inúmeras intervenções podemos estabelecer que uma região atingiu seu teto produtivo e, a partir deste momento, todo o manejo será direcionado para esse teto.
- Direcionamento de análises de solo
A amostragem de solo para aplicação de fertilizantes e corretivos em taxa variável é um dos principais serviços oferecidos pela agricultura de precisão. Sendo assim, os mapas de produtividade podem ser utilizados para direcionar os pontos de coleta. Em uma malha amostral padrão poderíamos utilizar um grid com uma amostra a cada três hectares e representar bem as informações de fertilidade do solo. Mas, com os mapas de produtividade, podemos direcionar a coleta e garantir mais análises de solo nos pontos de baixa produtividade e menos em pontos de alta produtividade, permitindo, por exemplo, atingir um grid de um hectare onde temos mais interesse em identificar se a fertilidade é limitante e um grid de cinco hectares onde já temos produtividade satisfatória.
- Monitoramento de Yield Gaps
Alguns problemas identificados nas propriedades podem ocorrer pontualmente (em manchas, reboleiras etc.). Por meio dos mapas de produtividade é possível criar pontos de inspeção georreferenciados e identificar quais gap´s são mais limitantes naqueles pontos de baixa apresentados. Atualmente é possível direcionar mapeamento de nematoides, diagnóstico de compactação, amostragem foliar, levantamento de doenças e pragas de solo, entre outros. Como benefício, podemos diminuir o número de análises laboratoriais dentro de um talhão, pois a coleta irá acontecer especificamente onde há problemas e, posteriormente, aplicando soluções também direcionadas.
APagri realiza mapas de produtividade
Os mapas de produtividade estão disponíveis para trabalhar em nosso favor. A interpretação bem realizada e as intervenções localizadas a partir dos dados, fazem com que essa ferramenta seja fundamental no início, durante e no final do ciclo da agricultura de precisão.
A colheita realizada em um ciclo se transforma no início do planejamento do próximo. A APagri pode auxiliar na correta interpretação, com recomendações para o melhor manejo.
*Luís Fernando Magron Zanuncio é engenheiro agrônomo e consultor agronômico da APagri há 20 anos na região de Assis-SP.