O solo é o responsável por fornecer sustentação, nutrientes e água para as plantas. Compreendê-lo é fundamental para a construção da produtividade. Para isso, existe o trabalho de amostragem de solo, uma forma de avaliação da fertilidade para posterior aplicação de corretivos e fertilizantes.
Na agricultura convencional, a coleta de solo é feita em zigue-zague e é obtido apenas um resultado, que representará a área toda coletada. Portanto, a aplicação de corretivos e fertilizantes será única para o perímetro amostrado.
Sabemos que dentro de um talhão existe variabilidade e por meio da agricultura de precisão podemos identificar e tratar essas manchas da forma adequada. Existem algumas formas de fazer amostragem:
Amostragem em grade: nesta técnica são gerados pontos georreferenciados, distribuídos aleatoriamente no talhão. Os pontos são coletados utilizando um GPS. São feitas de 8 a 10 subamostras em um raio de 10m para que o ponto seja bem representado. Cada amostra é enviada ao laboratório para análise e, posteriormente, os resultados serão associados às coordenadas dos pontos coletados. O mapa de fertilidade é fruto de uma interpolação dos dados de cada ponto, estimando os valores para os locais onde não houve coleta, como na imagem abaixo.
Amostragem em células: a área é dividida em células que podem ser ou não regulares e a coleta das subamostras é feita em zigue-zague ao longo de cada subdivisão. Cada célula terá um resultado e, neste caso, não é necessária a interpolação dos dados.
Amostragem direcionada: neste método, a distribuição dos pontos não é feita aleatoriamente e o direcionamento das amostras é com base em mapas capazes de evidenciar a variabilidade (produtividade, biomassa, altitude, entre outros).
Zonas de manejo: nesta estratégia, primeiro determinam-se as zonas em que a cultura se comporta de maneira semelhante. Para isso, é necessário conhecer o histórico da área e, a partir dele, obter mapas que expressem a variabilidade espacial e ao longo dos anos. Para a construção das zonas de manejo, podem ser utilizados mapas de fertilidade (argila, CTC), de produtividade, altimetria, índices de vegetação (NDVI), imagens de solo exposto, condutividade elétrica. O conhecimento do produtor também é de suma importância.
A coleta é feita através de subamostras, ou seja, caminhando por toda a zona de manejo ou em um ponto relevante, onde as subamostras ficarão concentradas em um raio de 30m, de forma a representar o ponto. Cada zona terá um resultado de análise. Neste caso, também não existe interpolação dos dados.
Normalmente, este tipo de amostragem é feito em áreas consolidadas, em que já existe histórico de cultivo, pois quanto maior o número de informações disponíveis, melhor ficará a definição das zonas.
A amostragem é o primeiro passo para o sucesso da lavoura. Por isso, é primordial entender a realidade e o objetivo do cliente/ produtor rural, os recursos disponíveis e o histórico da área para que seja feita a escolha da metodologia mais adequada.
Mariele Rosa é engenheira agrônoma e atua como Analista de Suporte Técnico da APagri nas regiões de Minas Gerais e Goiás.