O algodão é uma cultura altamente exigente em qualidade do solo. Para que as plantas desempenhem o seu máximo potencial produtivo, é preciso que olhemos com detalhes onde estamos cultivando. Solos férteis, ricos em matéria orgânica, estruturados com boa permeabilização e drenagem, são locais onde o manejo torna-se mais assertivo para boas produtividades do algodoeiro.
Na região do Cerrado brasileiro é possível encontrar diferentes tipos de solo, nos quais a qualidade depende de diversos fatores de formação, como material de origem, intemperismo ao longo do tempo e até mesmo manejo adotado desde a sua abertura para a agricultura. Deste modo, o algodoeiro pode ser cultivado em diferentes tipos de solo, com tanto que sejam manejados com o objetivo de fornecer condições físicas, químicas e biológicas apropriadas ao desenvolvimento.
A fim de permitir o cultivo do algodão e proporcionar a manutenção ou melhoria do seu potencial produtivo ao longo do tempo, são necessários o conhecimento das características do solo, aptidão agrícola e a implementação de práticas que suportem a alta exigência nutricional da planta de algodão, como, por exemplo, a gestão da fertilidade do solo.
O primeiro passo é olharmos de forma detalhada para as características químicas do solo onde iremos cultivar o algodão. A boa correção dos nutrientes em níveis adequados na subsuperfície, como calagens e fosfatagens, é essencial para obtermos um ambiente ideal ao aprofundamento radicular.
Em sistemas mais jovens de cultivo, muitas vezes se faz necessário o uso de grades aradoras para uma boa incorporação do calcário, já que este apresenta efeito lento e reduzido em profundidade, incluindo nesta correção a elevação dos níveis nutricionais na camada de 0-40 centímetros, o que torna difícil a execução em apenas um ano, por maior que seja o investimento. Sendo assim, a introdução do algodão em sistema de plantio direto ou cultivo mínimo pode se tornar um processo de anos até atingirmos condições favoráveis.
A planta de algodão apresenta sistema radicular pouco denso e pouco eficiente na absorção de nutrientes, sendo muito sensível à acidez e a solos compactados. No entanto, a cultura do algodão é muito exigente em relação à nutrição. Por isso, buscamos sempre elevar os teores dos nutrientes no solo para propiciarmos condições favoráveis às altas produtividades.
O Brasil é umas das referências na produção de algodão. Portanto, é de suma importância que o produtor esteja em dia com a adoção de tecnologias que promovam ganho de eficiência e que tornem o sistema sustentável.
A Agricultura de Precisão para o gerenciamento detalhado dos processos, já é uma realidade para os produtores de algodão que buscam alcançar altos patamares de produtividade. Diversas técnicas da Agricultura de Precisão já tiveram seu valor provado na racionalização do uso de insumos como fertilizantes, trazendo boas rentabilidades ao sistema produtivo.
O objetivo da Agricultura de Precisão voltada ao manejo dos solos é entender a variabilidade presente na área, provocada por diversos fatores formadores do solo, que precisam ser tratados de forma singular em busca do máximo potencial produtivo de cada área e, assim, melhorar a eficiência e rentabilidade do sistema produtivo.
Pensando nas regiões produtoras de algodão inseridas no bioma Cerrado, encontramos extensas áreas que contam com grandes variabilidades de tipos de solo, que se tornaram mais produtivos com o advento da Agricultura de Precisão para tratar das variabilidades.
Essa gestão da fertilidade do solo com as ferramentas da Agricultura de Precisão – especialidade da APagri -, deve ter uma perspectiva de ajustes contínuos ao longo do tempo, utilizando todos os mecanismos que agreguem informações sobre a variabilidade espacial e temporal do talhão, como mapas de produtividade, imagens aéreas, amostragens periódicas e tantas outras estratégias que vêm ajudando o agricultor a produzir mais com menos.
Augusto Sanches é engenheiro agrônomo e consultor da APagri na região de Luís Eduardo Magalhães (BA).
Referência: Manual de boas práticas de manejo do algodoeiro em Mato Grosso (5ª Edição, 2021)