A APagri tem levado a seus clientes, produtores rurais de todo o Brasil, informações e acompanhamento para o desenvolvimento do projeto Pro-Carbono, iniciativa da multinacional alemã Bayer, empresa de grande representatividade na comercialização de insumos agropecuários. A convite da Bayer, a APagri tornou-se uma das parceiras no programa, assumindo o direcionamento da interpretação de dados e geração de recomendações aos agricultores. Esses clientes serão beneficiados com atendimento específico para temas como sustentabilidade e aporte de carbono ao seu sistema produtivo.
Para entendermos sobre o Pro-Carbono é preciso voltarmos um pouco no tempo. Em 1997, por intermédio do Protocolo de Kyoto, foram criados os Certificados de Crédito de Carbono com o conceito de reduzir os impactos ambientais no planeta Terra, visando a redução da emissão ou intensificando a imobilização do dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Esse elemento gasoso é considerado gerador de diversas problemáticas ambientais, como o efeito estufa e o aquecimento global.
A quantidade de CO2 emitida no ambiente permite a classificação de países e empresas poluentes. Por meio da quantificação dessa emissão, a cada tonelada reduzida ou imobilizada ocorre a expedição de um certificado pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), possibilitando que empresas/países que reduzem seus níveis de poluição possam comercializar seus certificados de crédito de carbono junto a empresas/países que não reduzem.
Com base nessa proposta ambiental, a Bayer lançou o programa Pro-Carbono em 2021, em parceria com pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O objetivo é iniciar parametrizações do potencial de imobilização de CO2 na agricultura, com expectativas que, num futuro breve, o setor esteja envolvido na vanguarda da comercialização de créditos.
As plantas e o carbono na agricultura
Como seres vivos, as plantas possuem carbono em sua composição, na forma de moléculas orgânicas complexas como base para manutenções metabólicas e estruturais. Elas fixam (sequestram) CO2 da atmosfera para compor suas proteínas, carboidratos e lipídios por meio da fotossíntese.
Quando consideramos milhões de hectares sendo cultivados, ciclo após ciclo, gerando toneladas de biomassa/hectare, logo temos um enorme potencial sequestrador de CO2 do meio ambiente.
Com a adoção de boas práticas de conservação do solo, conseguimos conduzir a manutenção destes elementos em formas orgânicas estáveis e não prejudiciais ao meio ambiente. Além disso, o carbono orgânico age como ‘incentivador’ de reações químicas e biológicas, que tendem a auxiliar a vida do solo e incrementar produtividades agrícolas, ou seja, um ciclo de ações sustentáveis em prol da geração de alimentos.
Portanto, a origem do carbono estável no solo parte do material orgânico gerado pelas plantas que, ao ser depositado sobre o solo, desencadeia processos de degradação e mineralização, tornando-se fonte de nutrição para futuras culturas biológicas ali presentes.
Por isso, é importante realizar um sistema de manejo conservador, adequado e equilibrado do solo, adotando cuidados e estratégias que permitirão aos produtores alcançar a “mágica da sustentabilidade”, um esforço que fará valer a pena a transformação de uma gleba de florestas em área cultivada com propósito de alimentação.
A importância da triangulação no projeto
A APagri entra neste cenário do Pro-Carbono como apoio na extensão do conhecimento técnico do projeto, prestando consultoria e gerando recomendações agronômicas para aportar os clientes selecionados, que se tornarão referências de boas práticas em agricultura.
O processo tem início com análises de solo, geradas pela Bayer em parceria com laboratórios certificados. A partir da chegada dos laudos laboratoriais, a APagri passa a caminhar lado a lado com os produtores rurais, recomendando, orientando e direcionando quanto às melhores práticas.
A Bayer realiza métricas periódicas para a compreensão do quantitativo de CO2 retirado da atmosfera neste método de uma agropecuária mais limpa, com tendências de gerar mais alimentos com menos recursos.
Aos produtores rurais cabe o papel de execução de todo o projeto. Além de desenvolverem boas práticas, o grupo de agricultores selecionados aceitou disponibilizar uma porção de suas áreas produtivas para realização de manejos inovadores e sustentáveis, a fim de uma agricultura ambientalmente mais correta e produtiva, quando comparada aos sistemas produtivos convencionais.
Enfim, temos: Bayer na geração de dados; Embrapa no embasamento científico; consultorias com informações e recomendações; e produtores rurais na execução das ações propostas. Um time com esforço coletivo em prol de uma agricultura mais sustentável, na tentativa de produzir alimentos que cheguem dia a dia mais saudáveis ao prato das pessoas, combatendo a fome de modo cada vez mais limpo. E a APagri se orgulha por fazer parte disso!
Jonas Canesin Gomes é engenheiro agrônomo, consultor agronômico da APagri na região de Luís Eduardo Magalhães (BA) e responsável pela interação da empresa no projeto Pro-Carbono.